Vivo sem saber ao certo onde irei, mas provando dos sabores e dissabores que o cotidiano tem a oferecer. Percebo que certas palavras surgem exatamente do sentir e não do compreender e que as urgências que vivemos nos roubam a capacidade de apreciar paisagens...
Outro dia alguém veio me falar de suas dores, fez das palavras um descanso para sua alma. O tom da voz traduzia aquilo que as palavras não conseguiam expressar, e os olhos revelavam o que a vergonha insistia em esconder.
Tentei mostrar caminhos que o sofrimento não permitia ver. Tentei com um abraço levar descanso ao pensamento. Mas havia muita agitação ali, e naquele caos ficava difícil contemplar alguma beleza. Como se a distância do que é desejado fosse definitiva...
Não estamos preparados para os dissabores da vida. Mas como saber apreciar sabores sem conhecer o seu avesso?
Quando percebemos as coisas ao nosso redor sendo modificada sem o nosso consentimento vivemos os desconfortos de não sermos quem gostaríamos de ser, vivemos nossa inadequação no mundo...
Ah quantas vezes eu quis ser outra pessoa, quis ter outros sentimentos, quis conhecer outras palavras, outros lugares...
Quantas vezes eu quis ser mais paciente, mais amoroso, mais forte, mais corajoso. Mas não. Eu era simplesmente eu mesmo. Um alguém com todas as idades presentes em mim, com todas as estações. Capaz de prolongar primaveras na vida de outras pessoas. Plantar flores, colher sorrisos, podar erros e aprender com cada passo...
Apenas eu. Alguém que reconhece em cada ruga que o verão já se foi... Apenas eu e minhas circunstâncias. Inconstante!
Ainda bem que existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas. Assim é possível rir também das coisas que não são engraçadas...
Sensacional!!!
ResponderExcluirDemonstrar sentimentos desta forma não é para qualquer um, parabéns!
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