quinta-feira, 25 de maio de 2023

Entre as Sombras da Solidão

A solidão é uma companheira constante, uma presença que, vez por outra, envolve meus dias e noites. Ela se infiltra sorrateiramente nos recantos mais profundos do meu ser, envolvendo-me em uma esfera introspectiva onde sou apenas eu e meus pensamentos... Às vezes, sinto a solidão como um peso insuportável, um vazio que parece se expandir dentro de mim. É nesses momentos que me pergunto sobre minha conexão com o mundo ao meu redor, sobre a ausência de laços significativos e de pertencimento. A solidão se torna uma prisão emocional, e me vejo desejando uma fuga, um refúgio em algum lugar onde possa encontrar companhia e compreensão. No entanto, aprendi que a solidão também pode ser uma dádiva disfarçada. Quando me permito abraçar a quietude dos momentos solitários, descubro um mundo de autodescoberta e crescimento pessoal. É na solidão que mergulho nas profundezas da minha própria essência, explorando os labirintos da minha individualidade. É quando me deparo com as respostas para perguntas que nem mesmo sabia que existiam dentro de mim. A solidão se torna um convite para explorar minha criatividade e nutrir minha alma. Nas páginas de um livro, nas notas de uma melodia ou nas pinceladas de uma tela em branco, encontro conforto e expressão. É nesses momentos solitários que me torno um observador atento do mundo ao meu redor, capturando detalhes e nuances que muitas vezes passam despercebidos pelas mentes agitadas. No entanto, a solidão verdadeira é aquela que compartilho com outros corações solitários. É quando me arrisco a abrir meu coração e permitir que outros entrem em meu mundo interior. Descubro que não estou sozinho nessa caminhada, que existem outros buscando conexão e compreensão. Encontro almas afins que compartilham dos mesmos anseios e enfrentam as mesmas batalhas internas. A solidão não é uma sentença definitiva, mas uma jornada em constante transformação. É uma oportunidade para buscar novos laços e construir pontes de conexão. É um lembrete de que somos todos viajantes solitários em busca de um sentido mais profundo e significativo. E é na solidão, paradoxalmente, que descobrimos as sementes da nossa própria cura e das conexões que nos ajudam a florescer. Portanto, entre as sombras da solidão, aprendi que ela pode ser tanto um infortúnio quanto um presente valioso. A solidão é um lembrete constante da nossa humanidade compartilhada e da importância de nos conectarmos uns aos outros em um mundo onde a solidão muitas vezes parece prevalecer...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Seu corpo é seu templo...

Parece que seu corpo mudou desde a última vez que você decidiu se olhar no espelho com carinho. Aquela menina que outrora admirava seu reflexo, transformou-se numa leoa, protetora de sua cria sem tempo para si. Foi difícil, foi demorado, foi desgastante, mas você deu conta. Seu corpo deu vida a outra vida...
Pois é moça, onde foi parar o amor próprio? Parece que agora seu corpo passou a ser um lugar estranho onde você não se reconhece mais. E no meio desse turbilhão de não saber quem és, você não admira a mulher que se tornou. Talvez você tenha comido um pouco mais do que devia, bebido mais que o necessário, mas é porque vidas foram geradas dentro de ti...
As cicatrizes, as estrias e a barriga flácida passaram a fazer parte do seu cotidiano. São as marcas de suas histórias escrita em sua pele. Os enjoos, as noites mal dormidas, as dores nas costas, a alimentação desregrada... Foram meses carregando, gerando um novo ser. E mesmo após a gestação ainda assim continuou doando seu corpo para a amamentação, para o colo e para as noites de acalento...
Não há nada de errado em demorar a se acostumar com as mudanças, pois aconteceram muitas novidades dentro e fora de você, mas tome cuidado e não deixe, nem por um minuto, de se amar. Liberte-se da clausura que você construiu em relação a perfeição. Não há nada de errado com a sua aparência. Não se prenda ao julgamento alheio. Abrace a nova mulher que você se tornou com admiração, reconecte-se com seu eu interior. Seu corpo é seu templo. Tenha orgulho de sua história...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Despedida


Era noite de domingo. Impossível esquecer. Caminhava pelos corredores vazios e escuros com os pés descalços e o rosto encharcado. Sentia na alma minha pequenez ao ver meu pai ali sem forças, sem vida e eu nada podia fazer.
Aquele alguém que outrora me ajudou em meus primeiros passos, que esteve ao meu lado em tantos momentos, que sabia me roubar um sorriso quando a dor era mais frequente. Aquele homem que foi meu exemplo, meu amigo. Carregava agora um semblante inexpressivo. Eu me vi abandonado, inconsolável.
Estava sem entender. Pedi a enfermeira papel e caneta e ensaiei algumas palavras, fiz uma prece silenciosa e aos poucos pus no papel o que sentia. Eram garranchos mal feitos, mas era minha oração. Ao terminar de escrever coloquei embaixo de uma imagem de Nossa Senhora. Eu, homem de pouca fé, não vi o milagre se cumprir nem a cura acontecer. No lugar onde o corpo busca saúde se fez minha prisão particular sem paredes e sem portas, mas capaz de me aprisionar por longos dias e noites. Aqui onde tantas vidas começam e outras se encerram...
Naquela noite não havia consolo nem conforto. A noite era escura também dentro de mim. Mas uma palavra conseguiu me alcançar e foi capaz de me religar ao universo da alma humana. Lembro da canção que dizia: “mais é claro que o sol vai voltar amanhã” e assim não me permiti ver minha queda como definitiva. As chaves do meu futuro talvez estivessem escondidas na memória das tuas lutas, nas tuas histórias simples...
Ainda ando driblando as dificuldades, buscando maneiras de viver melhor. Ainda enfrento inúmeros problemas do cotidiano. Mas do inverno fez-se primavera, e as chuvas que molharam fizeram florir.
É, realmente um dia a gente aprende. Hoje sigo com novos retalhos na velha colcha reaprendendo a ser sem ter você. A poesia me encontrou e hoje sei que a saudade eterniza a presença de quem se foi. E este coração mais humano que pulsa em mim foi você quem me deu!




*Conto finalista do I Festival Cultural do HUPAA

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Saudades

Hoje este sentimento de vazio é tão grande que ocupa todos os espaços e involuntariamente me peguei pensando em você. Senti saudade do seu sorriso e de tudo que vivemos. Me vi stalkeando suas fotos e percebi: o coração andava despreparado! É na juventude que aprendemos, mas é na maturidade que compreendemos...
Queria ter aprendido antes, mas foi no tempo que deveria ser e agora percebo que mesmo de mãos dadas com a saudade isso não significa fraqueza. Sentir saudade não quer dizer que eu queira voltar. Às vezes sinto saudades do presente que não aproveito direito lembrando do passado; às vezes sinto saudade do futuro que idealizo e que, com certeza, não será do jeito que penso; às vezes sinto saudade de quem fui há meses atrás... há saudades em mim que eu mesmo não sei o nome, apenas sinto sua existência e aproveito sua companhia.
De repente fui deixando para trás o que parecia ser eterno: aquela paixão avassaladora e também aquela tempestade assustadora. Precisei me despedir de tudo que um dia foi. E mesmo quando transbordou e escorreu pelos meus olhos gotas de saudade ainda assim fui capaz de descobrir que havia mais belezas a serem contempladas. Foi só começar a viver um dia de cada vez e tudo foi se acalmando e assim a gente descobre que melhor mesmo é aprender a viver sem certas coisas que não vale a pena ter de volta.
Parece meio confuso, eu sei! Então não tente entender. Por vezes sou uma incógnita até para mim mesmo!
Pois bem, não vale a pena mergulhar em lembranças e esquecer de viver...

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Meu Egoísmo

Não compreendo que me tragas um passado...
Devias trazer-me tua beleza tristonha,
Lágrimas em teus olhos castanhos,
para enfim nascer em tua alma vultos estranhos.

Devias trazer-me rastros das caricias do passado
Que me lembram a humildade das flores que já desabrocharam...

Admito meu egoísmo naquele dia,
Pois e todas se tornaram iguais para mim.
Não devias entrar em minha vida,
Mas o destino quis que fosse assim!

Naquele dia só quis alimentar minha insatisfação
E ver a todas sentir um pouco da minha dor,
Convencendo ao meu coração
Que ele não foi o único a morrer de amor

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Mágoa

É tarde da noite e ela senta-se sozinha na cozinha. Em uma de suas mãos uma xícara de café, na outra seu celular, companheiro inseparável, onde ela busca nas redes socais encontrar alguma realidade na qual ela se encaixe. Entre uma curtida e outra o desejo de ser notada, mas ninguém nota que por trás do sorriso da foto há um coração que chora...
Ela deita pra dormir, mas o sono não vem. A cafeína lhe roubou o sono. E sem falsas bagagens em sua mente ela começa a revisitar lugares...
Chama de drama, dizem que é exagero, mas ninguém enxerga suas lutas diárias, o esforço sobre humano para atividades corriqueiras. Nenhuma pessoa vê os monstros internos que ela precisa enfrentar. Tudo que ela criou pra si transformou-se em angustia.
Do outro lado da parede ela consegue ouvir o riso despreocupado de alguém que não nota suas lágrimas. Que é indiferente as suas dores... Às vezes é melhor a aflição que machuca que o perdão que engana.
É, a vida segue seu rumo e muitos dos que estão ao lado dela neste momento deveriam estar em outro lugar. O vento continua a soprar e não importa se o que ela sente é frio. O vento não vai cessar...
Sua felicidade foi roubada, mas ela sabe que por mais dura que seja a realidade, uma hora ela precisará abrir os olhos pra fugir um pouco das fantasias criadas e que não importa o que os outros acham, pois quando a dor chegou só ela sentiu Quem sabe assim ela perceba que, às vezes, os dragões são apenas moinhos de vento...

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Despertar

Hoje ela acordou com desejo de despertar pra vida. Sacudiu a poeira e seguiu em frente...
Ontem à noite lhe roubaram uma flor, mas nem por isso ela desistiu do próprio jardim e percebeu assim que não deve deixar sua flor nas mãos de quem não sabe cultivar. Não que ela tenha esquecido a tristeza sentida, mas ela decidiu não se afogar em suas lágrimas. Desfez o nó na garganta e decidiu cantar suas músicas preferidas...
Ela precisou se perder em seu próprio caminho um tempo, mas se encontrar e perceber a beleza de ser quem é. Sem a louca necessidade de se adequar em outro mundo, a não ser o seu.
Ela não esqueceu as pedras que lhe atiraram, apenas as reuniu para começar a construir seu castelo...
Ela precisou perder o medo de estar sozinha e aprender a amar a sua própria companhia. Ela precisou se pertencer para poder se doar e assim não ser mais vítima de seus falsos amores. De seus rasos amores...
Durante um certo tempo ela confundiu um pouco as coisas: pensava ser livre quando estava aprisionada em um abraço, pensava ser amada quando se encaixava num afago, pensava ser desejada quando era beijada, quando na verdade era tudo uma encenação num mundo de mascarados. Ela descobriu que o pranto derramado era culpa das escolhas erradas, das expectativas criadas e de todas as coisas fantasiadas...
Ela hoje não só despertou para o dia, ela despertou para a vida. Ela despertou a alma...
Ela sabe que não vai ser fácil, mas decidiu deixar tudo nas mãos de Deus!