sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Hora de Acordar

Abro a janela pra vida, lá onde a razão ancorou suas certezas e nada parece funcionar, nada parece ser delicado ou divertido. Vejo plenitude, mas também vejo muita gente sem noção de seus atos. Vejo cores berrantes em silêncio e essa fé que ainda me faz esperar pelo impossível. Vejo flores pequenas que se agigantam diante da falta de beleza. Vejo falta de paciência quando tudo que resta é à ciência calando a voz do espírito. Vejo amores inabaláveis abalados. Vejo o eterno chegando ao fim. Dualidade de sentimentos e atos. De um lado os que querem partir. Do outro, os que desejam repartir...
Não há tempo a perder, mas ao mesmo tempo já o perdi quando deixei que a máscara que eu inventei tomasse conta do que um dia foi meu rosto. O mundo me ofereceu espelhos pra que eu me visse nele, mas não foi meu rosto que encontrei ali. Só então percebi que já se passaram quinze anos ou mais, porém a sensação é de que apenas algumas poucas semanas. Eu ainda estou aqui perdendo tempo contando as horas, contando estórias, criando personagens e quantos eu fiz chorar ou sorrir já não sei. Eu que pensava ter o tempo em minhas mãos, tive que vê-lo escorrer pelos meus dedos como água. Restou-me a saudade, a canção que já não sei cantar...
Já é hora de acordar. O silêncio em minha casa não corresponde aos gritos da minha alma. O mundo pede um pouco mais de mim. Eu também exijo mais de mim. Quero mais que a virtualidade de uma tela estampada diante dos meus olhos; mais que essa felicidade falsifica, encaixotada e divulgada como real. Prefiro o cheiro de terra molhada, o quadro pitado a dedos, o aperto de mão, o abraço depois do tempo de espera. Riachos, florestas, o cheiro do mar... A vida acontecendo. É que percebi o quanto é fácil sonhar, seja noite ou dia. Sonhar acordado ou dormindo, mas o avesso de tudo é realizar. Para tanto é preciso estar acordado, lúcido e decidido a lutar contras as incertezas o pessimismo e o medo. E que essa senhora chamada coragem esteja sempre ao meu lado, pois reconheço que tenho medo de muita coisa! Tenho medo do erro, medo do escuro. Tenho medo do que não conheço...
Que essa senhora chamada vontade acompanhe meus passos todos os dias, fortalecendo meus limites...

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