sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Solidão

Às vezes ela me inspira outras vezes me amedronta. Em alguns momentos é minha liberdade, noutros é minha prisão... às vezes é fardo, outras vezes alívio. Às vezes demora a cessar, outras vezes demora a chegar... às vezes traz inspiração para versos, outras vezes apenas pensamentos confusos e diversos. Tem o dom de tornar eterno um sofrimento tão pequeno, como também tornar minúsculo um instante tão sereno...
Com sua vinda já remendei as folhas que rasguei com rimas pobres. Em sua presença já encontrei a paz que a multidão me roubou. Mas sempre que sobrou aquele espaço vazio dentro de mim, quando nada nem ninguém conseguia preencher, eu precisei povoar meu exílio...
Afinal solidão é estar ou sentir-se?
Normalmente busco fugir da solidão e quando isso acontece é exatamente porque não encontrei em mim uma boa companhia, nessas horas percebo que o que mais dói na verdade não é estar só, mas sim sentir-se só mesmo estando acompanhado. É como diz a canção: “a solidão é fera, a solidão devora. É amiga das horas, prima irmã do tempo, e faz nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração”.
Se por um lado representa para mim isolamento, esquecimento, abandono. Por outro pinta uma fuga do barulho social. É minha decisão consciente de tomar distância e poder ter mais clareza com os próprios sentimentos e pensamentos. O silencio fala quando o barulho ensurdece.
Seja ela uma solidão acompanhada ou um findo deserto, mas que eu saiba ficar com o nada e ainda sim sentir-me completo!

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